Recentemente surgiu uma notícia de que os carros a circular em
Portugal são dos mais velhos da Europa.
A média de idades dos carros em Portugal é de 10,2 anos, o que nos coloca na oitava posição dos11 países da Europa analisados onde a média é de 8.2 anos. Será surpresa? Ainda há poucos
anos o sector automóvel em Portugal estava bem activo com crescimento da
vendas. No entanto observou-se em Portugal um fenómeno estranho. Os
portugueses preferiram comprar carros usados no estrangeiro, alguns com
bastantes anos de idade e quilómetros rodados, apenas porque eram mais baratos
e muitas vezes da chamada categoria premium
que incluí Audi, BMW, Mercedes e outros. O carro como símbolo de status passou a ter uma grande
importância, e a necessidade de ter um carro melhor ou igual que o vizinho
começou a ter impacto nesta nova forma de adquirir automóvel. O Estado tentou
inverter esta tendência com a criação das matriculas “K” que depois se veio a
demostrar serem ilegais porque o “K” não faz parte do alfabeto português.
Depois passou a incluir o ano e mês da primeira matricula, mas a importação de
carros usados não só não diminuiu como aumentou.
Dava-se demasiada importância ao automóvel, frequentemente
adquirido a crédito e com prestações que faziam as famílias apertar o cinto. O
valor do automóvel em comparação ao valor da casa estava num proporção errada. O
parque automóvel de algumas famílias valia mais (no dia da compra apenas) que a
casa ou apartamento onde vivem. Um automóvel é o pior investimento que se pode
fazer, desvaloriza bastante assim que passamos o cheque, o seguro é caro, e em
caso de azar ou distração podemos perder boa parte, ou mesmo todo, do dinheiro gasto com a sua aquisição
além de todos os custos associados à sua manutenção.
Mas o que há de errado em ter carro?
Não há nada de errado e é cada vez mais um bem essencial,
principalmente onde os transportes públicos não satisfazem as necessidades.
Precisamos do carro para ir trabalhar, para passear, levar as crianças à
escola, ir às compras, etc...
A questão é a racionalidade de qual carro comprar. Comprar
usado vindo do estrangeiro sem garantia do histórico do carro, ou comprar novo,
pelo mesmo valor, mas sem ser um carro premium?
Todos os carros podem ter problemas, mas um novo terá menos
probabilidades de ter problemas do que um carro usado. Lembro-me de um amigo
meu que teve um acidente com um carro que ficou bastante danificado e foi
declarado como perda total pelo seguro. Uns tempos mais tarde por curiosidade
esse meu amigo procurou, no site do Instituto
de Seguros de Portugal, pela matricula do carro em que teve o acidente e,
para sua surpresa o carro estava com seguro activo noutra seguradora. Ou alguém
arranjou o carro (que estava com o motor intacto mas com o resto bastante danificado
e com os dois eixos tortos) ou alguém falsificou os documentos de um carro igual
roubado. Em qualquer dos casos é um risco.
Parece que com a crise actual e com o acesso ao crédito cada
vez mais difícil, a venda de carros novos diminuiu e os portugueses adiam cada
vez mais a compra de carro novo para evitar despesas desnecessárias. Claro que
depois o sector automóvel ressente-se nesta queda de vendas e o estado recebe
menos pelo imposto automóvel também.
O jornal Público também escreveu recentemente sobre este assunto.
O jornal Público também escreveu recentemente sobre este assunto.
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